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Foto do escritorRafaela Chor

Às pessoas tristes

Eu sei como é se sentir sozinha por sentir como se fosse uma das únicas a estar triste no seu círculo social.


Em meio a gargalhadas e momentos supostamente inesquecíveis vindo dos outros, você sente como se estivesse parada, e cada dia mais você vestisse seu casulo.


A culpa vem e você se sente impotente porque tudo o que você queria fazer era causar algum impacto na vida de alguém para que esse alguém sentisse a sua falta um dia.


Vejo as pessoas se esforçando para alcançar a felicidade e eu simplesmente não tenho a menor energia para fazer o mesmo.


Quando eu morrer, eu quero que toque A Última Sessão, do brilhantismo pianista Vitor Araújo, e quero que as pessoas parem por esses 7 minutos e 17 segundos e escutem com a alma tudo o que eu quis dizer em vida com palavras, mas nunca consegui.


Sinto que escrevo tanto, mas há tanta coisa entalada na garganta que não sai nem que eu literalmente vomite. Acredite, eu já tentei.


Meu medo é que essas palavras sejam enterradas comigo quando eu partir daqui com o decorrer dos anos.


Querer ser lembrada parece algo egocêntrico, mas ninguém quer ser esquecido por ninguém, não tem coisa mais triste no mundo do que ser esquecido por alguém que você carrega na memória.


Acho que pior que isso é só ser lembrada como uma pessoa triste e sem vontade de viver. É algo que eu não desejo para mim, nem para ninguém.


Na canção, existe uma parte em que é pedida a ajuda do coro para cantar com o acompanhamento do piano. E essa para mim é a chave da vida. É andar em coro, cantar em coro, sentir em coro, dançar em coro.


Se o mundo fosse mais em coro e menos individualizado, as pessoas seriam menos tristes, pois quando um tiver menos fôlego para cantar, o outro estará lá para suprir a voz dele, enquanto ele respira.


É assim que deveria funcionar a vida. Acredite no que vou dizer agora, você não está triste sozinho.


O maior exemplo que tive disso foi quando vi nas redes sociais uma amiga querida em uma festa muito legal que gostaria de ter participado, mas não deu. Senti quase uma certa inveja por não ir e ela ter aproveitado tanto e sorrido tanto. Uma semana depois recebi a notícia de que ela havia tentado suicídio.


Isso me marcou tanto que eu nem sei explicar em palavras o quão culpada me senti por pensar daquela maneira e por ser tão tola de ter me deixado enganar por uma rede social que é apenas um filtro aplicado na realidade.


Aqui vão algumas coisas que aprendi nesses meus quase 30 anos de vida.


  1. Não se deixe enganar pelas redes sociais, elas só servem para mentir e mascarar a realidade de quem pensa que precisa de filtro para aparecer para o mundo.

  2. Você não é a única pessoa que sente tristeza, inveja, raiva e sentimentos considerados negativos, é algo natural do ser humano.

  3. Não há motivos para ter vergonha por estar triste, muitas vezes, isso é algo químico do seu cérebro, ninguém consegue ficar triste só porque quer ser triste.

  4. Ninguém quer se isolar do mundo. Há pessoas que têm a famosa “bateria social” mais curta, mas ninguém aguenta ser só por muito tempo. Somos seres sociáveis.

  5. Você é lembrada, não importa por quantas pessoas, você é lembrada por pelo menos uma. E é esse o foco que você deve ter em mente.

  6. Quem te esqueceu é porque jamais se lembrou de você da mesma forma que você lembrou dela, então não lamente pelo fato de ter sido esquecida, e sim entenda como um livramento e espaço para ser lembrada por novas pessoas mais saudáveis.

  7. Há pessoas cujas energias simplesmente não são compatíveis com a sua, são energias em diferentes vibrações, não tente se encaixar onde você sente que não pertence só para tentar ser lembrada.


Essas são algumas lições que fui aprendendo ao ter me tornado uma pessoa mais quieta e introvertida com os anos, principalmente após a pandemia.


Não espero que você se encaixe em todos os tópicos, mas garanto que alguns deles lhe farão sentido.


Existe uma frase bem clichê que todas as mães, ou pais, ou responsáveis costumam dizer que é “você não é todo mundo” e isso não podia estar mais correto.


Você não sente que nem todo mundo, não enxerga que nem todo mundo, não escuta que nem todo mundo, não se relaciona que nem todo mundo, você não chora que nem todo mundo.


Você é simplesmente você, e isso é o que mais importa, não adianta se esconder atrás de filtros sociais, você continuará sendo você, sem maquiagem. 


Lembre-se, maquiagem não esconde sentimento. Não esconde vontades, não esconde tristeza. Não esconde o pulsar do seu peito quando você vê algo que ama ou que odeia.


Você é crua e essa é a camada de pele que mais importa e é a que mais será lembrada por quem te admira desse jeito.




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