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O verso de mim é arte, e o seu também

  • Foto do escritor: Rafaela Chor
    Rafaela Chor
  • 27 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Eu costumava pensar que o verso de mim seria apenas carne e osso. Nada além de entranhas e sangue. Pensei que não restaria nada além de pele morta depois que partisse desse lugar.


Mas, recentemente, descobri que o que me faz sangrar poesia é o verso de mim. São os versos que compõem quem sou eu lentamente todos os dias desde que cheguei a este mundo inquieto.


São versos meus, versos que roubei de outras pessoas e alguns que eu nem sei que estão sendo criados e me surpreendem ao chegar no ponto final.


Não faz sentido alguém viver sem conhecer o próprio verso. O avesso guarda aquilo de mais precioso, e é por isso que fica no quentinho, do lado de dentro, escondido.


Não, a felicidade não está interligada com o verso, muitas vezes ele só enfatiza aquilo que não queremos ser lembrados. E se alguém tiver uma receita para ser seguida com o intuito de ser feliz, por favor, me diga.


Estou cansada de sentir dor, porém acredito que sentir dor é uma das formas de se provar que está viva e não estou preparada para cessar minha respiração ainda.


Fecho os olhos e as palavras vêm para mim como uma psicografia da própria alma. A música em meus ouvidos me conecta diretamente com a linha que dança dentro de mim quando aperto cada tecla de algo que antes era frio, e agora carrega sentimento.


Acho bonito quem escreve a corda bamba das letras com as mãos. De qualquer forma, as mãos dançam e criam sua própria balada de correção de erros. Porém, aprendemos aos poucos que não há erros na arte, e sim imperfeições que tornam a arte perfeita para os olhos que estão abertos a enxergá-la como realmente são.


Nós somos feitos de arte, e não há quem possa contestar. É arte o olhar, o toque, a respiração, os sabores, é arte o sexo, é arte o luto.


Quem não reconhece a arte no próprio corpo está cada dia mais perto de morrer um pouquinho. Não digo completamente, porque ninguém morre de falta de arte.


Mas também, ninguém vive sem um pouco dela.




 
 
 

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