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Flerte artístico

  • Foto do escritor: Rafaela Chor
    Rafaela Chor
  • 31 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura



Eu flerto com a morte o tempo todo. As palavras me são como navalhas, que dilaceram a pele com cada escrita num papel de algodão ou até sequer num guardanapo sujo de bar.


As palavras me fazem sangrar e eu sangro tinta preta. Não há nada mais prazeroso e angustiante do que escrever um texto que no fim mudará como você vê o mundo. Você aprende consigo mesma e isso é algo que você jamais pensou que pudesse acontecer.


Eu vejo as palavras em minha mente e, também, vejo as teclas do meu computador clicarem sozinhas enquanto eu as observo em sua dança prévia o que eu decido ou não acompanhar utilizando meus ágeis dedos que percorrem o teclado como se estivessem banhados em manteiga derretida.


Eu flerto com o perigo e com a sua negra capa que tenta me mostrar o lado não visto das coisas. Me pego pensando em finais trágicos, em desilusões amorosas, cenas estapafúrdias de tão cóleras que me sinto como uma boneca sendo brincada por uma força maior que me faz tentar resumir tudo isso em alguns caracteres.


Eu danço com a poesia e ela dança de volta comigo, por incrível que isso possa parecer. O sangue que me escorre com cada corte vira poema escorrido pelas costelas, coxas, escápulas e cotovelos. E eu posso garantir que esta é a coisa mais linda que já vi.


A minha cabeça flerta com a loucura diariamente. Pressinto desejos, acontecimentos e até causos os quais seriam inconvenientes demais para encaixar aqui. A loucura está para mim assim como minhas escritas estão para o tormento. Palavras que se encaixam no vento e que se colam sozinhas em papéis rasgados, telas de celulares engordurados e computadores sobrecarregados.


Eu flerto com a arte e ela me domina. Nada mais sou do que uma ferramenta ou instrumento de tecer palavras para o mundo, essas, mandadas por algo acima de mim que teima em me pedir encarecidamente para que eu coloque as sílabas para trabalhar.


As minhas escritas são o meu rastro, meu testamento para o mundo e o meu lembrete sobre o que me é importante para ser carimbado com tinta preta nas paredes do mundo. Eu digo preta porque a escrita faz parte de só um papel na arte, o colorido é o que os outros artistas me complementam.







 
 
 

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