Carta aberta ao agressor
- Rafaela Chor
- 11 de jul. de 2022
- 1 min de leitura
Mais uma
Mais uma
Quantas mais serão necessárias até que a sociedade aprenda
Mulher não é brinquedo de ninguém
Semanalmente são mais de cem
Quantas vidas serão necessárias arruinar
para o seu desejo apaziguar
Senhor agressor, você não tem ideia do que é viver com um alvo nas costas
Você não sabe o porque mais da metade da população de mulheres chora
às vezes, gostaríamos de ser coruja e virar o pescoço 360º graus
só para poder observar aqueles que não se dizem maus
mas que nos perseguem feito presas
feito caça
Senhor agressor, você não sabe o que é terror não importa o que faça
pois nossos olhos de pânico e ódio durante cada agressão não comunicam nada para o senhor
Você tirou a infância de mim e de diversas outras mulheres que se calam por medo
Nunca lhe ocorreu o pensamento de que pudesse ser muito cedo?
Para espalhar o crime e a monstruosidade
Para consumir o que nunca foi seu e nunca será seu de verdade
Nossos corpos não são mais sujos graças a nós mesmas
limpamos cada pedaço com a força da palavra
com a garra
com a vontade de sobreviver
Somos sobreviventes
Somos aquelas com pensamentos diferentes
que pensam em fazer revolução
Nós somos o futuro de uma grande nação
e o senhor, agressor, não passa de uma pedra que ficou no caminho
perdido
isolado
e se Deus quiser, devidamente punido
por ter tentado entrar no caminho de quem sabe o que quer
por nos submeter ao pesadelo que é se sentir menos mulher
O senhor, agressor, pagará nem que seja em outra vida
por tudo o que você fez e faz com todas nós, mulheres, meninas.

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